Nasce Um Anjo

Um toque de vento.
Ora calmo, ora turbulento em alcançar seus braços.
No tremor dos nossos movimentos...
Sirenes distantes derrubam a Torre Eiffel, enfermeiras de ópio em bandejas de parabólica.
Teu olhar.

Elfos flutuam em gomos de luz

Elfos flutuam em gomos de luz,
uma alvorada que ilumina,
parada manhã que não quer tirar capuz.
Tudo são águas de regato manso, tudo floresce...
Do mar todas as flores, do campo todos os corais!
Pássaros pedem licença para ouví-los gorgear.
Cantos de fazer inveja à lua, ao sol e ao seu tocar.

Roupas na Varanda

Armadilha sã,
grainha de romã.
Sai de ti a fruta pinha,
sape-sape em nuvem alva sumarenta.
Goiabada,
ladrão de mulher vira hermitão no seu harém!
Vem a da manhã.
Vem a do meio dia.
Vem a das dezanove.
E a das vinte e duas?
São horas e já namoras,
silvestre espinhuda seiva!

Bisbórricas

Coração de Sapato

Perpétuo malabarista sou entre um sorriso e um palco.
Uma dança com cor.
Flutuo e almejo cada encontro,
nem minutos e desejos,
mas observo.
Ergo-me,
mais do que vejo,
algo fotogénico,
detalhe rico,
um só sabor!

Rebole com o dedo sobre o meu botão quente

Rebole com o dedo sobre o meu botão quente,
que controla a chama,
encarniçando o orifício tubular.
Fervilhando à tona,
a espuma leitosa e gozona,
ao retirar-se na subida e descida flamejante em bico.
Contigo, viramos dois "Anús brancos",
voando em castanhos rosados,
fazendo muito alvoroço,
antes mesmo da cobra assomar ao buraco.

Calandulas

Esticão de língua de camaleão,
camaleãozinho.
Da pele lendária e rubores,
na luz por de trás de um longo escuro!

Transpirações oceânicas!
Epidermes continentais!
Tensões de lava grossa que irrompe em uretras monstruosas.

Sons de dentro do peito.
Dedinhos entrelaçados.

Semba

Dançamos.
Muito perto e muito longe,
passos incertos e salteados.
Ficamos molhados,
tudo em nosso corpo chovia.

Em posições opostas sassaricamos,
nos esponjamos.
Borboletando noite adentro,
entre grãos de areias finas.
Onde lhe achei lhe perdi,
nos braços da língua do Mussulo...

Ulisses/Sapato Esmerado

Sonhos dos deuses, venham com vosso óleo de jibóia!
Viscosidade que enverga no que falo.
Jibóia, bóia quente, pé quente...
Começa agora, estica, volta, expande, esmera.
És mera esmeralda em toca ardente, bóia, bóia.
Amniótica da próstata, cordão espermático!

Toque suave

Se verticalmente cansar-me,
buscarei rápido encaixe nas portas do guarda roupas.
Guerreia-me por trás assegurando que não alcanço teus olhos.
Saculejando como o bafo de um cavalo inteiro!
Pampas ou lusitanos?
Teus cabelos falam aos meus ombros
enquanto aconchego no teu laço.

Ulisses entre a Luz e a Candeia...

Sobre o retangular fundo preto de algodão escorria;
Dentro das bordas rendadas e finas, uma polpa.
Mistura gelatinosa como a jabuticaba.
Florescia com o cheiro e o gosto de Cambucá maduro.
O caroço lambuzado separando as partes,
culminava encarnado.

agora você sobe as escadas

agora você sobe as escadas, muito rapidamente, tira já agora as calcinhas, joga o sabão em pó e mete água da torneira por cima, abraça a bananeira, com as pernas bem abertas e desce quente até ao chão,
aaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhh